domingo, 18 de setembro de 2011

A Tradicional Zona

Na escola em que estou  o estilo é bem tradicional: o professor fala e o aluno escuta, uniforme bem passado e sapatos pretos, carteiras enfileiradas, livro didático seguido a risca, nota e prova formal para tudo. Tento trazer uma coisa nova, mudar um pouco, mas é difícil quebrar o sistema, ainda mais em tão pouco tempo.  Além disso  sou a ‘bule’, como chamam estrangeiros aqui. Eu sou um caso a parte, quase um animal exótico e só agora, depois de duas semanas, as crianças estão começando a me ver como professora.



O mais engraçado de tudo isso é que quanto mais eles tentam ser “certinhos”, mais a bagunça impera. Para começo de conversa não existe planejamento a não ser o livro que já está mais do que ultrapassado. Os professores têm muito o que aprender (como todo mundo), mas como são vistos como os donos do saber nada fazem para melhorar. A falta de consistência faz tudo ficar ainda mais sem pé nem cabeça. O que sai de tudo isso é: as crianças são super sem noção, mais perdidas do que cego em tiroteio!

Então a minha meta é tentar convencer os professores a seguirem alguns passos que aprendi e tento seguir. Mesmo tendo muito mais experiência do que eu, eles me escutam e me respeitam. Apreciam a maioria das coisas que eu faço, mas não estão muito empolgados em renovar. O que acontece é que acabam pedindo para eu fazer tudo. Planejo e reviso as provas, programo aulas e atividades extras, lição de casa, corrijo,  participo das aulas, assisto os alunos com mais dificuldade e por aí vai.
Sempre tive um pé atrás com relação a comportamento em sala de aula. Acho super difícil encontrar a medida certa entre deixar os alunos relaxados e encorajados a aprender sempre e manter a ordem. Aqui eu sou quase um general. Eu ainda não consegui entender como eles são tão cheios de seguir o velho método de ensino e ao mesmo tempo tão acostumados com a bagunça das crianças. Sempre têm umas viajando na maionese, outras desenhando, outra que nem pegou o livro. Daí eu vou, de um em um, indignada, dizendo: “pega o caderno; abre na páginal tal; acorda menino; pára de brincar com a régua;  arruma isto aqui que tá errado...” E Eu vou dizendo com o tom de voz e com o corpo, já que a maioria não me entende direito.
Mas assim vai indo, devagar e sempre, como aquele passarinho tentando apagar o incêndio. Nunca me senti tão útil e ao mesmo tempo tão incapaz de mudar.
Eu tô adorando a experiência...e meus domingos então, nem se fale. Para relaxar vai a foto do meu domingo ao sol! Viva!
Sikuai, uma hora de barco de Padang. Assim fica fácil relaxar...

Um comentário:

  1. É Maria... 'revolução! fogo no colchão!'... só imagino esses professores daí uma semaninha numa escola pública situada na periferia de qualquer cidade de mediana pra cima no Brasil... hehehehhe... kisses

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