Quantas coisas podem dar errado num dia só? Bom, vamos contar.
Acordei às 3:30 da manhã com sono mas feliz da vida, peguei o taxi às 4:00. Encontrei minha parceira de viagem húngara às 4:15 e continuamos a viagem até chegar ao porto onde nosso barco partiria para Pulau Tidung. Encontramos o guia às 6:00 e fomos para o barco. Depois do esperado atraso de uma hora e meia o barco partiu às 8:30. O guia sorridente, nos devolveu o dinheiro já pago para o pacote de três dias com muita praia, kaiak, bicicleta e snorkeling antes do barco partir. Perguntei por que e a resposta foi ‘no problem’. Entendi que deveríamos pagar no escritório da ilha.
Dormi durante o percurso e quando acordei um homem pedia que eu pagasse pelo barco e eu disse:”Não, eu estou com um pacote, Maro Travel”. Ele pega o telefone liga para alguém e me entrega. Do outro lado da linha: “Hi, yes, well, I didn’t like it. No good money. I gave you the money back, no package.” (resumindo, o fdp cancelou o pacote, saiu do barco e não nos informou).
Eu tava meio de cara, mas pensei: “Ah, dane-se, a gente acha um lugar para dormir, curte a ilha e pronto”. Tinha um grupo de turistas e resolvemos segui-los, explicamos nossa situação e eles disseram: “Venha com a gente e converse com o guia”. Ok, parecia boa ideia.
Quando chegamos na casa onde eles ficariam, escutamos gritos lá dentro. Um alemão raivoso com um sotaque digno de um fuehrer berrava: “Garbage, garbage, this is garbage”. E eu pensei: “puts, ele tá gritando ‘lixo, lixo’...isto não pode ser um bom sinal”. Eles também tiveram problemas com o pacote e resolveram voltar para Jakarta.
Mas opa, não tem barco de volta hoje...este era o discurso de todos na ilha. Como todos sabiam que a gente não tinha muita alternativa, todos queriam cobrar pelo menos 3x mais do que eu vinha pagando em hotéis baratos. Eu tava de cara e ninguém me entendia. Anda para cá, anda pra lá e um guia diz: “Olha, os alemães vão voltar com um barco por 3 milhões de rupias.” (Três milhões são uns 300 dólares...isto porque para chegar a gente pagou 30 mil, ou seja, 3 dólares). “Mas para vocês 200 mil cada”. Cara, sete vezes mais do que a ida. Não pode ser. A húngara, nesta hora, já tinha cedido. Mas eu estava pronta para encontrar outra solução.
Achei um escritório, tipo uma mini prefeitura, expliquei o que estava acontecendo e - surpresa! – tinha um barco de tarde por 35 mil.
Andamos pela ilha, tomamos uma água de coco, demos uma nadadinha...eu queria pelo menos dormir por lá, mas o dia tinha sido dureza. Perguntei numa outra homestay e achei um preço até camarada, mas a húngara já estava só o pó e depois de tudo aquilo eu não estava no espírito de ficar sozinha. Eles iam me cobrar os céus por um prato de arroz. Conheço bem este povo de lugar turístico. Branco = milionário otário. Vou me embora que eu ganho mais.
Claro que o barco de volta quebrou, teve que trocar o motor em uma outra ilha, chegamos em outro porto do outro lado da cidade, tivemos que pegar um taxi que não sabia o caminho de volta e parou para fazer xixi atrás de uma árvore e nos deixou em um shopping center no meio do caminho e pediu que pegássemos outro taxi. Aí caiu a chuva, esperamos mais uma hora pelo taxi, que também não sabia o caminho de volta, não consegui entrar em contato com meu host então tive que de alguma maneira lembrar o caminho de volta.
Pronto – cheguei em casa às 10:00 da noite, tomei um banho e capotei. Só podia mesmo ser dia das bruxas. Elas existem.
A ilha |
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