Hoje passamos o dia no orfanato. Não sabíamos ao certo como seria por lá. A primeira vez que fomos, foi um só para meninos que sobrevive com a ajuda da mesquita. Ele era relativamente bem preparado, com crianças saudáveis e alegres na medida do possível.
Já este de hoje foi bem diferente. Primeiro pelo tamanho, enorme de verdade. Quatro mil pessoas moram lá. A instituição é católica e a grande maioria dos internos tem necessidades especiais. Tem casos leves, como down e crianças cegas, mas também têm casos bem severos. Uma das profissionais de lá me disse que é comum pais deixarem seus filhos que nasceram com algum tipo de anomalia lá na porta. Custa caro criar alguém que demanda tanto.
Uma mulher em especial me chamou a atenção. Enquanto brincávamos com as crianças, ela continuava séria e durante todo momento não sorriu sequer uma vez. Ela devia ter seus vinte e poucos anos, sem braços e pernas e visivelmente abatida. Tentei me aproximar, mas foi em vão.
As crianças estavam eufóricas, desenhamos, brincamos, teve gincana com prêmios. Mas na verdade, a gente só foi até lá para "assoprar o machucado" que continua lá.
Na foto abaixo está o menino que grudou em mim o tempo todo. Ele desenhou uma casa, desenhou ele e fez uma seta, querendo dizer que queria que eu o levasse para casa. Tentei explicar o inexplicável em uma língua que ele nem entendia e fomos embora.