segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Meu, seu, nosso

Por estas bandas, muito arroz com feijao, pouca agua, grilo frito aperitivo, dan'cas, muito pouco acesso a internet e nada de teclado em portugues.
O trabalho ainda vai calmo, escrit'orio, documentos. Nao vejo a hora de entrar em a'cao, mas faz parte. Muitas criancas pedindo esmolas (elas me puxam, me abra'cam, me seguem), muita coisa velha, nada de hospitais e muito poucas escolas. Todos tem alguem na familia que morreu cedo, nao se sabe por que. Um irmao que ficou cego de um dia para o outro e o medico disse que a solucao seria rezar. Um outro conta que a mae morreu de uma doen'ca muito perigosa: pedra nos rins. Num pais onde a expectativa de vida 'e de 50 e poucos anos, estas historias sao infinitas e nao se ve gente idosa.
E num lugar onde todos tem muito pouco, o jeito e' dividir. A no'cao de posse quase nao existe e nao e' facil para mim se livrar do individualismo. Pega-se tudo de todos. Eu me reviro pra ca, pra la e sorrio amarelo.
  O ar seco e a poeira corta a pele e seca a alma e assim vive-se, sem questionar.


terça-feira, 15 de novembro de 2011

Uma explosão cultural


Meus primeiros dois dias foram cheios de novidades e eu ainda estou reconhecendo o terreno. A casa onde moro pertence a organização e somos em quatro pessoas. Tem uma norueguesa, um cara da Costa do Marfim e todos os outros membros são nigerianos. Muita gente frequenta a casa, que está sempre viva e animada.
A pobreza choca, as histórias pessoais também. É engraçado que quanto mais sofrida a comunidade, mais otimista e animada ela é. Todos acham que tudo vai melhorar, dançam e riem sem parar. Nas ruas, boa parte da população é meio rude, bruta, o jeito durão de ser dos calejados. Só que um sorriso e um obrigado faz mágica em quase todos os lugares do mundo.
Viver quase sem energia elétrica, sem água encanada, sem TV, sem rádio e sem internet é complicado, mas bem menos do que você imagina. Já estou craque em pegar água do poço, em lavar a roupa num baldinho, a ter minha lanterna sempre em mãos e aprendi na Indonésia a tomar banho sem chuveiro. A comida é meio forte e meu estômago ainda está aprendendo, mas ele é forte. Já são quatro meses sem dores, sem vômitos, sem diarreia. Meu sistema digestivo merece um prêmio!
Ontem vi no mercado comidas locais...yummy! tem grilo frito! Mas acho este não vou encarar não. Tem cocada, arroz com feijão, mandioca, batata, nhame e eles adoram bode. Caracas, experimentei sopa de bode, não deu para negar e acredite: não desceu redondo.
            Ainda não comecei a trabalhar, estou sendo apresentada aos projetos, reconhecendo a área, tendo milhões de reuniões. Estou ansiosa, mas ainda vou ter que esperar mais uns dias. Ainda estou apenas visitando os escritórios, dando pitaco nos projetos, organizando eventos. Mão na massa mesmo só segunda que vem. Não vejo a hora!
Home sweet home

11-11-11


            Eu não sou supersticiosa e não me atento muito em datas, mas confesso que meu dia 11-11-11 não foi como um outro qualquer. Peguei um avião na madrugada de Bangkok para Addis Ababa, Etiópia. Sem dúvida, o check in mais complicado, demorado e irritante. Passei a noite no avião do lado de um jogador de futebol de Camarões. Cheguei na Etiópia num aeroporto pequeno, mas organizado. A cidade fica a menos de cinco quilomêtros do centro, mas não deu para ver muito. Meu próximo voo - de Addis Ababa para Abuja – atrasou, só para não perder o costume.
            Cheguei em Abuja com um certo perrengue na imigração às duas da tarde. Fui muito bem recepcionada e seguimos o nosso caminho. Claro que chegar no oeste africano é impactante. Uma secura, um calor, uma muvuca que eu nunca tinha visto parecida. Achei que iria enfim descansar, mas o caminho até o vilarejo foi bem mais longo que o programado. Chegamos meia noite. O dia terminou depois de três países, dois voos e uma longa estrada.  Tudo é novo, tudo é diferente e eu estou feliz de finalmente poder estar aqui e viver esta experiência.
            O único problema é que parte dela é ter muito pouco acesso à internet. A casa em que vou morar pertence a organização, fica dentro de um campus da universidade. Mas aqui não existe água encanada e a energia elétrica é um luxo momentâneo e imprevisível, então acho que nem preciso comentar que a internet é raríssima. Temos um poço artesanal no quintal e muitas velas. Todos estão me tratando especialmente bem, são solidários e querem saber o que eu quero, como eu estou, o que podem fazer para me ajudar. Este povo é sofrido, mas adora uma festa.
            Então o blog vai ficar temporiamente fora do ar, ou com visitas esporádicas, enquanto eu visito escolas em diferentes comunidades na região. É só por um mês. Depois eu volto contando as novidades com mais detalhes!

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Bangkok - Para quem não tem medo de chuva


Depois de algumas horas na moderna, limpa e cara Singapura cheguei em Bangkok.  Tudo o que se falava na mídia sobre a enchente é verdade. Barreiras de proteção ainda seguram a água na parte central e a vida segue seu rumo com alguns tropeços.
Entre as minhas andanças pela cidade cheguei até uma área perto do rio que está alagada faz é tempo. Eu estava meio de bobeira, tentando chegar até o outro lado para visitar um templo. Um homem dentro de uma casa com água até quase o joelho começa a conversar comigo. Ele ficou todo feliz que eu era brasileira, queria saber do Pelé, do café e principalmente do Daniel Alves. Ele me contou seus perrengues com esta enchente e na hora de dar tchau desejei a ele boa sorte, disse que eu esperava que tudo voltasse ao normal logo, que eu sentia muito. Ele com um sorrisão me diz:
“Hey Ms., me lucky man, always lucky man. Good life! And you, you big heart, big smile like Thai people. Want visit my house, Ms.? Tea?”
Agradeci , dei tchau e fui  embora. Quanto mais eu acho que já vi de tudo, mais  as pessoas me surpreendem! 

domingo, 6 de novembro de 2011

Adeus Indonésia

Terça cedinho pego o meu rumo para Singapura, depois alguns dias em Bangkok e finalmente Nigéria. Começa um novo capítulo. Estou ansiosa e animada, mas sabendo que vou sentir uma falta danada daqui e de muitos que por aqui conheci.
Novidades e despedidas, despedidas e novidades...eis minha minha rotina. 

Mamãe me mandou esta foto, só para eu morrer de saudades.